A Vida em Tons de Cinza - Ruta Sepetys

1941. A União Soviética anexa os países bálticos. Desde então, a história de horror vivida por aqueles povos raras vezes foi contada. Aos 15 anos, Lina Vilkas vê seu sonho de estudar artes e sua liberdade serem brutalmente ceifados. Filha de um professor universitário lituano, ela é deportada com a mãe e o irmão para um campo de trabalho forçado na Sibéria. Lá, passam fome, enfrentam doenças, são humilhados e violentados. Mas a família de Lina se mostra mais forte do que tudo isso. Sua mãe, que sabe falar russo, se revela uma grande líder, sempre demonstrando uma infinita compaixão por todos e conseguindo fazer com que as pessoas trabalhem em equipe.  A vida em tons de cinza conta, a partir da visão de poucos personagens, a dura realidade enfrentada por milhões de pessoas durante o domínio de Stalin. Ruta Sepetys revela a história de um povo que foi anulado e que, por 50 anos, teve que se manter em silêncio, sob a ameaça de terríveis represálias.

"O amor nos revela a natureza realmente milagrosa do espírito humano"

Bom, acho que a maioria de vocês sabe o quanto eu gosto de história, sou fascinada pelo passado, ele nos ensina muitas lições, tem alguns eventos em específico que chamam minha atenção mais do que outros, entre elas as guerras mundiais e a revolução Russa. Quando estava na escola  aprendi sobre Leninismo, Marxismo e todos esses "ismos" e achava um máximo,  eu era meio comunista/socialista (até hoje não sei bem a diferença entre os dois) , achava essa coisa de uma sociedade onde tudo era de todos maravilhosa, acontece que não me contaram a verdade sobre essas filosofias, tudo isso é muito bonito no papel, mas na União Soviética "o tudo é de todos" na verdade significava "o tudo é do governo e o povo não tem nada", eles não eram melhores do que os czares que os precederam e esse livro mostra justamente isso, sem entrar em detalhes sobre política ou idealismos ele aborda a crueldade de um sistema de governo que durou décadas, e o incrível é que todo mundo fala sobre o que Hitler fez com os judeus, mas parece que o mundo esqueceu ou empurrou pra baixo do tapete o que aconteceu na União Soviética e isso me revolta, ainda mais levando em conta que embora as pessoas não sejam mais deportadas para a Sibéria, ainda não se tem lá aquela liberdade na atual Federação Russa, algumas religiões por exemplo estão sempre na mira do governo e se isso é liberdade, então não sei o que é uma ditadura.

A Vida em tons de cinza é uma história comovente, e comove ainda mais quando temos a consciência de que coisas assim ainda acontecem em vários lugares do mundo, e por que não ficamos sabendo disso? Por que não sai em grandes jornais? Porque o mundo continua jogando sua sujeira pra baixo do tapete, governos tirânicos e totalitários só sofrem intervenção estrangeira quando os interesses comerciais das nações ricas e poderosas são atingidos, caso contrário fica por isso mesmo e as Linas dessa vida continuam tendo seus sonhos ceifados.   

Esse livro me deixou com lágrimas nos olhos, algumas chegaram a correr, gosto desse tipo de livro porque me faz ver o quanto eu tenho nessa vida, me fez refletir sobre muitas coisas, quando eu estava no trabalho por exemplo e ouvi as pessoas reclamando sobre a comida do refeitório pensei em Lina e sua família vivendo com 300 gramas de pão por dia e aí pensei no fato de que a cada 7 pessoas nesse planeta 1 passa fome, a CADA SETE, UMA PASSA FOME! Isso é muita gente e nós nem fazemos ideia do que é isso quando olhamos para a geladeira e reclamamos que não tem "nada" pra comer, somos uns hipócritas ingratos isso sim!

Eu sei, eu sei, divaguei muito nessa resenha, mas acho que esse é um dos papeis principais dos livros, nos fazer refletir, então deixo aqui algumas das minhas reflexões, quanto ao livro nem preciso dizer que merece realmente ser lido.

*Quanto ao socialismo ou comunismo me refiro ao modo como foram aplicados na União Soviética, não a partidos políticos já que procuro me manter neutra nesses assuntos, e não tenho pretensão de discutir política no blog.